Coronavírus: quebrando mitos.

Antes de começar o texto, gostaria de me apresentar. Eu sou o Igor, biólogo, doutor em Farmacologia e agora sou professor de biologia e divulgador científico. Tenho 38 anos, sou casado, tenho um jardim e vários bichos de estimação.

            O início do ano foi tenso. Uma nova doença surgida na China, causada por um coronavírus começara a fazer vítimas mortais.  Muitas notícias desencontradas e confusas inundaram, e ainda inundam, as redes sociais. Dentre as notícias, alguns diziam que a culpa era dos chineses por conta do costume de comer animais, como morcegos, cães e cobras. Tais fake news tiveram resultados desastrosos: o bloqueio de asiáticos em alguns edifícios de São Paulo. Pois bem, vamos destruir alguns mitos e outras fake news. Vou tentar fazer em forma de perguntas e respostas.

  1. Qual é a origem do coronavírus?

– Não se sabe ao certo, ainda.  Mas algumas evidências mostram que alguns genes desse novo vírus (2019 – nCov) são semelhantes aos encontrados em alguns vírus de morcego. Por isso, acredita-se que o animal reservatório natural seja morcegos. Mas ainda não se sabe se o primeiro contágio foi morcego-humano ou morcego-outro mamífero- humano.

            2) A infecção começou por que chineses comem morcego?

– Provavelmente não. Culturalmente, os chineses fazem uso alimentar de animais não usuais. Mas esse tipo de contato dificilmente faria a transmissão da doença. Isso por que uma vez no estomâgo humano, esse vírus provavelmente seria destruído. Atribuir a origem da doença a chineses ou asiáticos é preconceituoso e por isso inadmissível.

            3) Então como esse vírus de morcego começou a infectar humanos?

-Isso está sendo estudado por comparar esse novo vírus a outros dois vírus que assolaram a humanidade no começo do século 21: o vírus da SARS e da MERS, as duas causadas por outros coronavírus cuja origem, provavelmente, seja morcegos. Nesses dois casos parece ter havido um intermediário entre morcegos e humanos. No caso da SARS, um parente próximo dos felinos chamado civeta, que pode ser vendido vivo em alguns “mercadões” da China, e por isso o surto de SARS em 2002 se iniciou nesse país. A MERS “utilizou” os dromedários como intermediários e por isso o surto dessa doença, em 2012, iniciou no Oriente Médio. Como todos os três vírus são muito parecidos, acha-se que a Wuhan coronavirose deva ter utilizado o mesmo caminho: morcego-animal intermediário-humanos. Mas não se sabe qual foi esse animal intermediário ainda.

             3) Quais são os sintomas dessa nova doença?

                 – Febre alta

                 – Tosse seca

                 – Espirros e coriza

                 – Dificuldade para respirar.

                 – Em casos raros, diarreia.

4) A doença é muito grave?

     – É para pessoas idosas, crianças e pessoas com doença cardíaca e/ou diabetes. Se você não se enquadrar nesses casos, você terá, no máximo, uma gripe forte. Até agora a taxa de morte é de, mais ou menos, 2%, ou seja, a cada 100 pessoas infectadas haverá 2 mortes. Mas essa doença tem alto poder de disseminação, isso por que ela pode ser transmitida mesmo antes do aparecimento dos primeiros sintomas.

5) Mas como eu pego essa nova pneumonia?

    – O contágio é direto, através do ar. Isso por que o vírus propaga-se a partir das gotas de saliva dos doentes e por isso ela tem alto poder de disseminação. Mas vale frisar que, em comparação, com outras doenças, ela não é tão grave.

6) E já temos casos registrados no Brasil?

    – Houve APENAS casos suspeitos no Brasil, mas NENHUM CONFIRMADO. Quem afirma isso é a Organização Mundial da Saúde que está em contato direto com os governos. E o nível de vigilância é muito alto, não há como um caso passar desapercebido sem que haja registro.

7) Então eu preciso me preocupar?

    – Sim. Embora os mais afetados sejam pessoas com doenças pré-existentes, o alto poder de disseminação, e a transmissão da doença por pessoas que ainda não apresentam sintomas torna a situação mais grave do que o de costume. Isso por que, pessoas jovens e fortes e que não apresentam sintomas podem passar para as pessoas mais idosas na sua convivência. Mas se tomarmos as medidas adequadas, tudo ficará bem.

8) Quais são as medidas de tratamento e prevenção?

  – Não há, ainda, cura para essa doença. Nenhuma vacina contra gripe age sobre essa doença. Por enquanto, temos, apenas, o nosso bom-senso e medidas de prevenção. Essas incluem:

Não espalhar notícias falsas ou que você não tenha certeza de sua veracidade. Espalhar notícias falsas só torna a situação pior e mais desesperada.

Cobrir boca e nariz ao espirrar. Isso pode ser feito ou com máscara, ou com pano ou com a parte do cotovelo.

Sempre limpar as mãos com álcool ou sabão, para dispersar os vírus.

Tomando essas atitudes, com certeza, não haverá a disseminação dessa doença.

            Acho que o principal é isso. Se houver qualquer outra dúvida, por favor me contatem pelo e-mail divulga.rapp@gmail.com. Estarei a disposição para sanar qualquer dúvida a respeito desse ou de outros assuntos.

Igor, biólogo, doutor em Farmacologia e agora sou professor de biologia e divulgador científico.