Câncer de testículo: Machismo e falta de conhecimento ainda são barreiras para detecção precoce do tumor

Nesta terça-feira (09/03) o ator Léo Rosa faleceu em decorrência de um câncer de testículo. Diagnosticado em 2018, ele descobriu a doença já em fase avançada, quando a doença apresentava sinais de metástase – quando as células cancerígenas se espalham pela corrente sanguínea e conseguem se instalar em outras partes do corpo.

Responsável por cerca de 5% do total de casos de tumores malignos na população masculina, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de testículo afeta de forma mais frequente homens com idades entre 15 e 50 anos. Nessa fase, segundo dados do Ministério da Saúde, existe chance de o tumor ser confundido, ou até mesmo mascarado, por um processo inflamatório ou infeccioso envolvendo o testículo. O número de mortes pela doença chega a 446 pessoas por ano no Brasil, muitas vezes devido à detecção tardia, já em estágios mais graves.

“Os sintomas mais comuns são aumento do testículo e/ou dor. É muito comum que os homens o descubram no banho, durante a higiene, por isso o autoexame da área é a melhor forma de garantir uma possível detecção precoce de qualquer alteração”, comenta Andrey Soares, oncologista do CPO Oncoclínicas.

Ainda de acordo com o especialista, o tumor testicular é mais comum em indivíduos que sofreram traumatismos na região, o que aumenta o risco de incidência entre atletas. Crianças que tiveram criptorquidia, disfunção congênita em que o testículo nasce dentro do corpo, ou seja, fora de posição normal, também estão entre o grupo que tem maior chance de desenvolver a doença e devem ficar atentos a qualquer alteração no testículo.

Entre os sinais mais comuns da doença, está o aparecimento de um nódulo duro, que na maioria das vezes não provoca dor. Pode ser ainda observado em alguns casos uma mudança no tamanho do testículo (aumento ou diminuição), sensação de um peso ou dor na região abdominal ou ainda a presença de sangue na urina. Se diagnosticado em fase inicial, esse tipo de câncer supera a marca dos 90% de chance de sucesso no tratamento, mas a barreira do preconceito ainda precisa ser superada.

“Quando falamos em câncer masculino é natural que automaticamente as pessoas relacionem o termo à ocorrência de tumores de próstata, em especial graças a iniciativas globais de promoção à conscientização da população, reforçadas todos os anos por meio de campanhas como o Novembro Azul. Mas é importante ampliar as conversas sobre outros tipos de tumores que afetam exclusivamente o gênero masculino. O câncer de testículo atinge majoritariamente homens mais jovens e é altamente curável, principalmente se diagnosticado precocemente. Então, é fundamental que o homem busque um médico ao notar qualquer alteração nos testículos”, frisa Andrey.

Após exame clínico para verificação da presença de nódulos palpáveis ou alterações que sugiram câncer, um dos exames para confirmação diagnóstica é a ultrassonografia da bolsa escrotal, que identifica o tipo de lesão. Também são realizados exames laboratoriais para a identificação de marcadores tumorais específicos (alfafetoproteína, beta-HCG e LDH).

Confirmado o diagnóstico, é feita ainda uma tomografia computadorizada do tórax, abdômen e pelve para verificação do estadiamento da doença e a definição de conduta terapêutica, o que pode incluir a retirada de um ou dos dois testículos para controle do câncer. Além da cirurgia, quimioterapia e radioterapia podem ser recomendados, podendo ser utilizadas de forma isolada ou combinadas dependendo do caso.